Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 558 | Junho de 2025 | Campo Mourão - Paraná

LAVOURA-PECUÁRIA

INTEGRAÇÃO PRODUTIVA


Com foco em sustentabilidade e resultado, sistema lavoura-pecuária fortalece o manejo agrícola e pecuário entre os cooperados da Coamo

A integração lavoura-pecuária é uma prática que vem ganhando espaço entre os cooperados da Coamo. O sistema combina, de forma planejada e sustentável, o cultivo de lavouras, como a soja, com a criação de animais, principalmente gado de corte e bovinos de leite, em uma mesma área. A Fazenda Experimental da Coamo em Campo Mourão, que neste ano completou 50 anos, se destaca pelo desenvolvimento e aprimoramento da técnica.

De acordo com o analista de Suporte Técnico da Coamo, Vinicius Francisco Albarello, o ensaio conduzido na Fazenda Experimental envolve a utilização de culturas anuais no verão e o manejo de animais de corte durante o inverno, em uma área composta por um consórcio de azevém e aveia. "A aveia se destaca pela rápida formação de massa verde, permitindo a entrada dos animais mais cedo no talhão, enquanto o azevém, com um crescimento mais lento, prolonga o pastejo para além do vazio forrageiro", explica Albarello. Esse vazio forrageiro é um período crítico em que há escassez de pastagem, e o consórcio entre as duas culturas ajuda a mitigar essa lacuna.

Vista da integração lavoura-pecuária na Fazenda Experimental

A experiência da Fazenda Experimental em integração lavoura-pecuária não é recente. Ao longo de 25 anos, foram testadas diversas culturas de inverno, incluindo trigo forrageiro, braquiária e outras espécies para alimentação animal. "Não podemos perder os benefícios do plantio direto em função do uso de animais no inverno. A integração deve otimizar a área, mas sempre respeitando o solo como nosso principal patrimônio", reforça Albarello.

Segundo o agrônomo, para os cooperados que possuem condições de implementar esse modelo, os benefícios são evidentes. "É um ciclo legítimo de ganha-ganha: para os animais e para o cooperado", destaca. Ele enfatiza, no entanto, a importância do conhecimento técnico para a implantação do sistema. "O cooperado que deseja adotar a integração lavoura-pecuária deve procurar a assistência técnica da Coamo, tanto dos agrônomos quanto dos veterinários, para escolher as melhores espécies e definir a taxa de lotação e as raças mais adequadas para o inverno".

Além dos cuidados com o solo e as culturas, o manejo dos animais é realizado com atenção na Fazenda Experimental. O médico veterinário, Clécio Jorge Hansen Mangolin, analista de Suporte Técnico da Coamo, explica que o manejo é preventivo. "Antes de entrarem nas áreas de pastagem, os animais passam por um controle fitossanitário completo, incluindo vacinação e vermifugação, para garantir que expressem o máximo potencial genético", destaca.

Outro ponto relevante no manejo é a divisão das áreas em piquetes. Essa prática evita a compactação do solo, um dos receios mais comuns entre os produtores. "A compactação do solo só acontece se não houver um manejo correto. Respeitando as alturas de entrada e saída dos animais, além da rotação e descanso da pastagem, é possível evitar esse problema", explica o veterinário.

Engenheiro agrônomo, Vinicius Albarello, e o médico veterinário, Clécio Mangolin, acompanham desenvolvimento da pastagem na Fazenda Experimental em Campo Mourão

Engenheiro agrônomo, Vinicius Albarello, e o médico veterinário, Clécio Mangolin, acompanham desenvolvimento da pastagem na Fazenda Experimental em Campo Mourão

Para otimizar o manejo, a Fazenda Experimental utiliza um sistema de "praça de alimentação", onde os piquetes convergem para uma área central com pontos de água e sal. "Isso facilita o manejo e torna os animais mais dóceis, além de reduzir a quantidade de cochos espalhados pela propriedade", observa Mangolin.

O equilíbrio entre lavoura e pecuária é destacado como essencial para o sucesso do sistema. "Se a pecuária for priorizada em excesso, pode haver prejuízo na lavoura subsequente. Por outro lado, se a agricultura for excessivamente priorizada, a pecuária perde em eficiência", pontua Mangolin. Estudos realizados na fazenda comprovam essa relação. Em uma área sem pastoreio durante 15 anos, a produtividade de soja foi, em média, sete sacas por hectare inferior em comparação com áreas manejadas pelo sistema de integração.

A integração lavoura-pecuária vem ganhando espaço em diversas propriedades de cooperados da Coamo, demonstrando resultados positivos para a produção agropecuária. Entre os adeptos do sistema está o cooperado, Márcio Fabiano Likes Pereira, de Campo Mourão, que há 15 anos utiliza a técnica em cerca de 20% de sua área cultivada.

Atualmente, Pereira mantém aproximadamente 250 cabeças de gado na propriedade. Ele explica que a rotação entre lavoura e pastagem contribui para melhorar a qualidade do solo e otimizar a produção animal. "Antigamente, a gente pensava que se os animais mantivessem o peso durante o inverno, já era um bom resultado. Mas, hoje em dia, não podemos mais pensar assim. Temos que continuar na média de peso do verão", destaca.

Cooperado, Márcio Fabiano Likes Pereira, de Campo Mourão, utiliza o sistema de integração lavoura-pecuária há mais de 15 anos

Cooperado, Márcio Fabiano Likes Pereira, de Campo Mourão, utiliza o sistema de integração lavoura-pecuária há mais de 15 anos

Além dos benefícios para a pecuária, o sistema traz vantagens para a agricultura, preservando a massa verde no solo e reduzindo a erosão. "Ainda fica muita massa verde para segurar para a agricultura. Além de segurar a erosão, ajuda na composição do solo", explica o associado.

Para alcançar bons resultados, Pereira conta com o apoio técnico da Coamo, por meio do engenheiro agrônomo, Edenei Swartz, e do médico veterinário, Bruno Vinicius Pereira Fornari, que o acompanham de perto. O manejo no sistema de integração é dividido em etapas bem definidas. Os animais chegam à propriedade com cerca de 200 a 250 kg e ficam em semiconfinamento até atingirem 400 kg. Após essa fase, são direcionados para o confinamento até o abate. O objetivo é que os animais não permaneçam por um ano completo na propriedade, otimizando o ciclo de produção.

Fornari explica que a integração pode ocorrer de diferentes maneiras, seja por rotação, consórcio ou sucessão ao longo do ano. "O objetivo é melhorar o uso da terra, aumentar a produtividade, conservar o solo e diversificar a renda."

Na propriedade do cooperado a integração é realizada com o plantio da braquiária ruziziensis realizado após a colheita da soja, geralmente entre fevereiro e março. De acordo com veterinário, a escolha da braquiária se deu pelas características climáticas da região, que apresenta temperaturas mais altas durante o inverno. "A produção de massa da pastagem perene diminui no inverno, e os animais são levados para as áreas de integração, onde a braquiária oferece um maior volume de massa e melhor qualidade nutricional", destaca.

Na visão do engenheiro agrônomo, Edenei Swartz, a prática apresenta múltiplos benefícios. "Primeiro, é melhorar a qualidade do solo. Consequentemente, é a semeadura da braquiária para fornecer as forragens para os animais e assim, pode haver um aumento de produtividade na cultura subsequente, que aqui nesse caso será instalada a soja", explica.

A semeadura da braquiária também protege o solo contra erosões, contribui para o aumento da matéria orgânica e favorece o desenvolvimento da microbiota. Esses microrganismos atuam diretamente na melhora das características físicas e químicas do solo, ampliando sua fertilidade e resiliência. "A palhada vem protegendo o solo. Ela reduz a competição por nutrientes e água e melhora a disponibilidade de nutrientes para as plantas", complementa Swartz.

Márcio com o médico veterinário Bruno Fornari

Márcio com o médico veterinário Bruno Fornari

Cooperado e o engenheiro agrônomo, Edenei Swartz, acompanham as raízes no solo

Cooperado e o engenheiro agrônomo, Edenei Swartz, acompanham as raízes no solo

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